Nordeste pode ganhar empresa aérea estatal para voos regionais

Ministro do Turismo revela possibilidade de criação de companhia aérea em parceria com o Consórcio Nordeste para fortalecer voos entre cidades do interior e destinos turísticos da região.

21 de maio de 2025

Foto: reprodução

O Nordeste pode ter uma companhia aérea estatal, voltada para voos entre os seus nove estados, uma alternativa para conectar cidades do interior a capitais e destinos turísticos, impulsionando uma das principais atividades econômicas desta parte do país. A ideia foi apresentada como uma resposta à retração da aviação regional no Brasil, intensificada pela concentração do mercado e pela suspensão de rotas consideradas menos rentáveis. A proposta partiu do ministro do Turismo, Celso Sabino, que revelou que o governo federal está estudando a possibilidade de uma parceria com o Consórcio Nordeste, a autarquia interestadual brasileira que reúne todos os governadores locais.

“O consórcio de governadores do Nordeste trabalha para a concessão de benefícios para que uma nova companhia possa voar regionalmente dentro do Nordeste, ou até mesmo com a possibilidade da criação de uma companhia estatal para voar dentro do Nordeste, coordenada pelo próprio consórcio”, afirmou o ministro na segunda-feira (19), no Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro, após a abertura do Visit Brasil Summit. A informação foi divulgada pelo site Panrotas.

Aviação regional encolhe com fusões e cortes de rotas

O anúncio ocorre em meio a um cenário de reconfiguração do setor aéreo nacional. A possível fusão entre Azul e Gol, que está em análise, pode reduzir ainda mais a concorrência e impactar diretamente a oferta de voos regionais. Em estados do Nordeste, cidades de porte médio vêm perdendo conexões, enquanto destinos turísticos de menor porte enfrentam dificuldades para manter ligações aéreas regulares.

Atualmente, operam na região companhias como MAP Linhas Aéreas, Azul Conecta e Abaeté Linhas Aéreas, que atendem sobretudo cidades do interior e regiões com apelo turístico. No entanto, a rentabilidade limitada e a concentração de mercado vêm afetando a viabilidade dessas rotas.

Proposta encontra entraves, mas incentivos ajudam no debate

Embora a proposta de uma companhia aérea regional estatal chame atenção, sua viabilidade é considerada complexa por especialistas do setor. Além dos altos custos operacionais da aviação, o projeto exigiria um modelo de gestão eficiente e articulação federativa pouco comum no setor aéreo.

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Apesar disso, o Nordeste reúne algumas condições que poderiam facilitar esse tipo de iniciativa. Os estados da região oferecem diversos incentivos fiscais, como a redução de até 75% no Imposto de Renda de Pessoa Jurídica (IRPJ) por meio da Sudene, além de ICMS sobre o combustível mais baixo em estados como Pernambuco. Esses benefícios ajudam a atrair operações regionais e podem tornar o projeto menos oneroso do que em outras regiões do país.

Conectividade e turismo regional na pauta do Consórcio Nordeste

A proposta se insere em uma série de ações do Consórcio Nordeste voltadas à promoção da integração e do turismo regional. Em 2024, foi firmado um Acordo de Cooperação Técnica com a Embratur, prevendo ações como roadshows internacionais, qualificação de destinos e promoção de roteiros culturais nordestinos no exterior.

Nesse contexto, uma aérea regional poderia reforçar a conectividade entre cidades turísticas e capitais, ampliando o fluxo de visitantes e reduzindo a dependência de hubs localizados no Sudeste. Ainda assim, a execução da proposta depende de estudos mais aprofundados e de consenso entre os estados-membros do consórcio.

Infraestrutura em foco: leilões podem atrair operadores

Outra frente que pode influenciar a retomada da aviação regional no Nordeste é o leilão de aeroportos. O governo federal prevê novas rodadas de concessão para modernizar terminais regionais, melhorar a infraestrutura e ampliar a atratividade para companhias aéreas. A expectativa é de que esses investimentos contribuam para recuperar a malha aérea regional nos próximos anos.

Histórico reforça importância da aviação regional na região

O Nordeste já teve uma companhia regional de grande porte, a Nordeste Linhas Aéreas, fundada em 1976, que operava em cidades como Salvador, Recife, Natal, João Pessoa e Campina Grande. A empresa encerrou suas atividades em 2003, após ser incorporada pela Varig.

Propostas como a apresentada por Celso Sabino resgatam a memória desse período e reforçam a importância da aviação como vetor de desenvolvimento econômico e turístico. Ainda que a criação de uma nova companhia aérea estatal pareça, por ora, uma solução distante, o debate reacende a urgência de alternativas para manter a conectividade da região.

 

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